Segundo o Procon-SP, no momento da renegociação, muitas instituições financeiras empregam “pegadinhas”. Então, o consumidor deixa-se levar somente pela oferta de juros menores, acaba aumentando a quantidade de parcelas e a
dívida total fica ainda mais cara.
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A dica do Procon-SP é evitar as propostas que
oferecem taxas de juros menores, mas aumentam a dívida |
Com a inflação e a taxa básica de
juros Selic em queda, a época é boa para quem quer reduzir os custos do
financiamento. Especialmente para quem assumiu um crédito consignado nos
últimos anos. O juro médio desse financiamento caiu 2,5 pontos porcentuais em
12 meses, chegando a 25,7% ao ano, segundo dados do Banco Central (BC) para
abril, os mais recente disponíveis.
Mas, se por um lado mudar de
financiamento, tornando mais leve as prestações, pode dar um alívio no fluxo de
caixa mensal, é preciso cuidado na hora da renegociação. Segundo o Procon-SP,
muitas instituições financeiras empregam “pegadinhas” nesse momento. O
consumidor deixa-se levar somente pela oferta de juros menores, mas acaba
alongando o prazo do empréstimo. Assim, a quantidade de parcelas aumenta e a
dívida total fica ainda mais cara.
Para a coordenadora do Procon-SP,
Renata Reis, é preciso atenção sobretudo para abordagens de financeiras que
buscam explorar a inexperiência dos clientes. Ela afirma que o órgão recebe
casos que vão de omissão de informações até fraudes no consignado. “Algumas
empresas empurram os contratos de maneira enganosa”, diz, ressaltando que “os
aposentados são os mais aliciados”.
De acordo com a coordenadora, há
financeiras que até criam estruturas para fechar operações por impulso. “Fazem
a proposta por telefone e já enviam um motoboy para colher a assinatura”,
conta. Para evitar dores de cabeça, ela aconselha que o consumidor solicite
sempre a oferta que receber por escrito e, se não sentir segurança, leve o
contrato do financiamento a algum advogado ou planejador financeiro para que
ele verifique as cláusulas.
A regra geral para não cair nessa
arapuca é quitar a dívida o quanto antes, explica o diretor da Associação
Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac),
Miguel Oliveira. “Muitas vezes o que se oferece com o refinanciamento é uma extensão
do prazo. Mas o mais indicado é negociar isso, tentar fazer como se fosse uma
portabilidade na mesma instituição”, afirma.
Concorrência
No caso do
consignado, em que a amortização se dá diretamente no salário do tomador, as
instituições vêm travando uma batalha por clientes. O presidente da fintech Ali
Crédito, Bruno Reis, conhece bem essa disputa pois atua também nesse mercado e
aconselha a desconfiar das promessas de juros menores. “Quando se faz um
contrato novo assim, a instituição financeira é quem se beneficia, porque
prende o cliente em juros compostos por mais tempo”, diz.
Alívio
Nem sempre aumentar o
número de parcelas é ruim. Se o valor da prestação pesar no orçamento, ou algum
evento emergencial ocorrer, a extensão do prazo pode ser útil, diz a
planejadora financeira Letícia Camargo, da Planejar. Nesses casos, a diluição
do pagamento para caber no bolso pode ser necessária.
“Mesmo pagando por mais tempo, às
vezes é uma solução para quem perdeu o emprego ou enfrenta uma doença. A dica é
refinanciar e, depois, quando estiver com uma situação melhor, buscar quitar”,
afirma Letícia.
Ela orienta o consumidor
interessado na renegociação a usar uma calculadora financeira, como a oferecida
pelo Banco Central, disponível no site www.bcb.gov.br. Assim o custo da operação fica mais claro.
Bancos. A reportagem procurou os
três principais bancos privados do mercado (Bradesco, Itaú e Santander). Apenas
Bradesco não respondeu às solicitações de entrevista.
Fonte: Estado de São Paulo
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