Ainda que seja complicado comprovar o crime de racismo, denunciar qualquer tipo de discriminação é a melhor alternativa. Após participar de um processo de seleção, o professor de educação física Paulo Eduardo, 25, foi orientado a cortar o cabelo black power para ser contratado. “Eu não aceitei. Perguntei se, caso meu cabelo fosse liso, na cintura, eles fariam a mesma exigência. Em seguida, falaram que era apenas uma brincadeira. Fiquei indignado. Eles me contrataram, mas me senti horrível. Sabia que era discriminação”, disse.
“Foi complicado, mas percebi que, depois da minha pergunta, passaram a me respeitar mais. Mas, se fosse hoje, compreendendo mais sobre esse debate, de quanto o racismo prejudica as pessoas, eu teria ido até o fim, procurado meus direitos. Se a gente deixa pra lá, eles continuam a fazer a mesma coisa”, opina.
A empresária Fernanda Matos lembra com detalhes quando viu sua empresa ser preterida em relação a outra depois de uma cliente conhecê-la pessoalmente. “Ao ver o portfólio da minha empresa, a futura cliente ficou empolgada e o contrato já estava certo. Mas, ao me conhecer pessoalmente, hesitou. E não fechou a parceria. Um amigo em comum perguntou por que ela não quis me contratar e ela disse que a outra empresária tinha um perfil mais profissional. Era loira. Tempos depois, ela se disse arrependida pela escolha”, conta.
Segundo o historiador Reginaldo Dias, a ato de proibir o acesso de pessoas negras a certos espaços e associar sua imagem a seres de segundo escalão é herança do período escravocrata no Brasil. “É preciso que as pessoas compreendam que o racismo atrapalha, inclusive o desenvolvimento econômico. Quando você impede o acesso de um cidadão apenas porque ele é negro, pode deixar de conhecer talentos das mais diversas áreas”, exemplifica.
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