Rio - Dilma Rousseff (PT) é a primeira mulher presidente do Brasil. Com o apoio do presidente Lula, a petista derrotou o candidato tucano José Serra neste domingo e vai governar o país nos próximos quatro anos. De acordo com o primeiro boletim de apuração do TSE, a vitória de Dilma foi consagrada às 20h05, com Dilma tendo 55,39% dos votos; e Serra 44,61%. Na primeira avaliação, o TSE informou que 92,23% das seções já tinham sido apuradas.
Dilma Rousseff, 62 anos, nasceu no dia 14 de dezembro de 1947 em Belo Horizonte, capital mineira. Oriunda de uma família de classe média, a nova presidente do país é filha de pai búlgaro e de mãe brasileira. É divorciada, tem uma filha, Paula, e, durante a campanha eleitoral, ganhou seu primeiro neto, Gabriel.
Liderança no primeiro turno
Indicada para ser a sucessora de Lula por ele próprio, Dilma recebeu 46,90% dos votos no primeiro turno, contra 32,61% de José Serra. A petista foi a primeira colocada em 18 estados. No Rio, totalizou 43,96% dos votos válidos. O Maranhão foi o estado em que a nova presidente teve mais votos no primeiro turno: 70,65%.
A chapa de Dilma foi composta por 10 partidos: PT, PMDB, PSB, PCdoB, PDT, PRB, PR, PTN, PSC, PTC. O Partido Progressista (PP) juntou-se ao grupo no segundo turno. Dilma contou ainda com o apoio de diversos governadores, com destaque para Sérgio Cabral Filho, do Rio de Janeiro, Tarso Genro, do Rio Grande do Sul, Jaques Wagner, da Bahia, Cid Gomes, do Ceará, e Eduardo Campos, de Pernambuco.
Seu vice é o deputado federal Michel Temer, de 70 anos. Ele é o atual presidente da Câmara dos Deputados e do PMDB, maior partido do país. Temer participou da base aliada tanto do governo Fernando Henrique Cardoso como do governo Lula. Foi indicado para compor a chapa com Dilma por ser considerado conciliador. Após uma campanha eleitoral tensa, Dilma Rousseff foi eleita a 40ª presidente do Brasil.
Dilma: a nova presidente do Brasil
Foto: Divulgação
Biografia
Em sua juventude, participou de grupos armados de resistência à Ditadura Militar em vigor no país. Em 1970, foi presa, torturada e condenada, tendo seus direitos políticos cassados por dez anos. Em 1975, três anos após sair da cadeia, foi morar em Porto Alegre. Dois anos depois, Dilma se formou em economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Em 1979, filiou-se ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), fundado pelo ex-governador do Rio Leonel Brizola, após a anistia política aos opositores da ditadura. Foi a partir daí que Dilma começou a exercer cargos públicos. Em quinze anos, foi Secretária de Fazenda da Prefeitura de Porto Alegre, presidente da Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul e Secretária Estadual de Energia, Minas e Comunicações. Em 2001, ela se filiou ao Partido dos Trabalhadores (PT).
Com a eleição de Lula em 2002, Dilma se tornou Ministra de Minas e Energia, cargo que ocupou até 2005. Neste ano, com o escândalo do mensalão, a nova presidente, que havia conquistado a confiança do presidente Lula com seu trabalho a frente da pasta energética, substituiu o então ministro José Dirceu, na Casa Civil. Foi neste cargo que Dilma ganhou visibilidade como braço direito de Lula e por ser uma das responsáveis pelo Plano de Aceleração do Crescimento (PAC).
Em 2009, quando já era cogitada a ser candidata à presidência, Dilma descobriu um linfoma do tipo B no sistema linfático. O câncer levou à então ministra a sessões de quimioterapia e a ter que usar perucas, por ficar sem cabelo devido ao tratamento. Recuperada, seguiu firme na campanha até a vitória.
Desafios do novo presidente
Dilma vai herdar um País com índices positivos em várias áreas e terá o desafio de pelo menos manter o desempenho pujante. Este ano, a economia deverá crescer entre 7% e 7,5%, a maior desde 1986. A inflação permanece na casa dos 5% este ano.
A cada mês, há novos recordes na criação de postos de trabalho. A última pesquisa do IBGE, de setembro, registrou taxa recorde de 6,2% de desempregados em relação à população economicamente ativa. A renda média do brasileiro, de R$ 1.499, também é a maior de todos os tempos. Nos oito anos do governo Lula, surgiram cerca de 14,5 milhões de vagas, quase três vezes mais que no mesmo período do governo anterior, segundo pesquisa do Ministério do Trabalho.
Na esfera macroeconômica, o País tem hoje US$ 250 bilhões em reservas de dólares, outro recorde, além de ser credor de US$ 50 bilhões (empréstimos feitos ao FMI). Essas reservas, obtidas com a entrada de capital estrangeiro aplicado em títulos públicos brasileiros e pela compra direta da moeda americana pelo Banco Central, proporcionam um colchão confortável para o País enfrentar crises externas.
Em 2002, no fim do governo FHC, essas reservas eram de apenas US$ 17 bilhões (sem contar os empréstimos recebidos do FMI). Para os próximos anos, uma das garantias de renda para a União virá do petróleo extraído do pré-sal. Se com a capitalização no mês passado, a Petrobras virou a segunda maior empresa do mundo, a produção dos primeiros barris retirados das águas ultraprofundas dará novo impulso à economia. No entanto, o novo governo terá que administrar a batalha pela divisão dos royalties.
A arrecadação de tributos também tem sido recorde a cada mês, em virtude do crescimento da economia, o que representa mais dinheiro em caixa para o governo administrar suas despesas.
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